Conheça as 5 Principais Obras do Mestre do Humor Brasileiro
Hoje, o Brasil se despede de um dos maiores cronistas, romancistas e humoristas de sua história: Luis Fernando Verissimo. Famoso pelo olhar perspicaz sobre a vida urbana e pelas tiradas inteligentes sobre o cotidiano, Luis Fernando Verissimo conquistou gerações com seu texto leve, bem-humorado e sempre refinado. A genialidade de Luis Fernando Verissimo se reflete em suas crônicas que falam sobre o dia a dia.
Quem foi Luis Fernando Verissimo?
Filho de Erico Verissimo, Luis Fernando nasceu em 1936 em Porto Alegre e construiu uma carreira brilhante como escritor, jornalista e roteirista. Dono de um estilo inconfundível, sempre utilizou o humor como lente para reflexão sobre a sociedade brasileira.
As crônicas de Luis Fernando Verissimo são um verdadeiro espelho da sociedade brasileira, refletindo as nuances e as ironias da vida cotidiana. Todos conhecem alguém que já passou por situações descritas nas obras de Luis Fernando Verissimo.

A importância de Luis Fernando Verissimo na literatura brasileira é inegável, e suas obras continuam a ser relevantes e divertidas. A habilidade de Luis Fernando Verissimo em contar histórias tocantes e engraçadas é admirável.
Principais obras do autor:
1. Comédias da Vida Privada (1994) – Um Olhar Íntimo e Divertido Sobre o Cotidiano Brasileiro
Neste clássico, Verissimo reúne crônicas que retratam com graça e ironia as pequenas tragédias e alegrias do dia a dia das famílias brasileiras. Os textos são breves, inteligentes e viciais, tornando-se fonte para uma série de TV de grande sucesso.
Resumo:
É uma coletânea de crônicas que sintetiza o talento de Luis Fernando Verissimo em transformar as situações mais corriqueiras do dia a dia em relatos deliciosamente engraçados e, ao mesmo tempo, cheios de crítica social e sensibilidade.
O livro é composto por coleções de textos curtos e interligados apenas pelo ambiente: a vida privada — aquela esfera íntima do lar, das relações de família, das pequenas neuroses e das grandes tradições brasileiras. Verissimo explora com maestria os conflitos familiares, os costumes dos casais, os dilemas parentais, o convívio entre vizinhos e até a solidão e as manias contemporâneas.
O autor disseca o dia a dia das casas de classe média urbana, usando humor, ironia e uma linguagem extremamente acessível. As situações nos fazem considerar nossos próprios costumes, defeitos e virtudes, levando o leitor ora ao riso, ora à reflexão.
Cenas e Personagens
Os protagonistas, muitas vezes anônimos, são pessoas comuns testemunhando — e protagonizando — pequenas tragédias e grandes comédias em como episódios:
- O desespero de um marido diante de uma visita inesperada.
- As trapalhadas de pais tentando explicar o mundo para os filhos.
- Os ciúmes exagerados de casais, as gafes nas reuniões familiares.
- As pequenas mentiras e os segredos do lar.
- A rotina dos almoços de domingo, as disputas silenciosas entre sonos e noites.
O humor do livro é gentil, nunca ofensivo, e sempre cria empatia com o leitor, que se enxerga, de algum modo, nas histórias.
Impacto Cultural
O sucesso estrondoso de Comédias da Vida Privada levou à sua adaptação para a televisão, tornando-se uma série de TV importante nos anos 1990 e início dos anos 2000 na Globo. As crônicas ganharam vida própria, cativando não apenas leitores, mas também milhões de espectadores.
Por que ler Comédias da Vida Privada?
Com seu estilo único, Luis Fernando Verissimo consegue tocar o coração e a mente dos leitores, levando-os a refletir sobre suas próprias vidas e experiências.
Os personagens criados por Luis Fernando Verissimo são memoráveis, e suas histórias se entrelaçam de forma brilhante, proporcionando uma leitura fluida e cativante.
- Para considerar (e rir) das próprias manias e da vida cotidiana.
- Para valorizar o olhar sensível e observador de Veríssimo sobre a família brasileira.
- Para desfrutar de uma leitura leve, divertida e cheia de insights sobre as relações humanas.
- Para refletir sobre como, mesmo nos momentos mais simples, é possível encontrar poesia, humor e aprendizado.
2. O Analista de Bagé (1981) – Psicanálise com Humor Gaúcho
Trata-se de um dos personagens mais carismáticos do autor: um psicanalista do interior gaúcho, com jeito rústico, bom humor e muitos “causos” inusitados.
Resumo:
O Analista de Bagé é um livro de crônicas humorísticas de Luis Fernando Verissimo que se tornou um clássico da literatura brasileira. Com uma abordagem única, o autor apresenta um personagem inesquecível: um psicanalista de Bagé, cidade do interior do Rio Grande do Sul, que subverte todos os clichês do divã ao misturar a psicanálise clássica de Freud com as pessoas estranhas, o sotaque marcante e os “trajes campeiros” gaúchos.
O Personagem
O protagonista – conhecido apenas como “O Analista de Bagé” – é uma figura típica do interior, mas com pretensões sofisticadas. Ele se gaba de ser o introdutor dos ensinamentos de Freud na “fronteira” do estado, mas sua prática é cheia de métodos inusitados, expressões naturais e soluções pouco ortodoxas. Diferente dos analistas tradicionais, é prático, direto e sem papas na língua, utilizando termos regionais e muita franqueza.
O analista utiliza expressões como “Te deita, vivente!” no lugar do tradicional “Pode deitar no divã”, e responde aos pacientes com tiradas rápidas, cheias de ironia e senso de humor frio, típico do gaúcho. Ele acredita que, assim como o mate e o churrasco, a terapia deve ser “à moda da casa”.
Estrutura e Estilo
O livro é composto por uma série de crônicas curtas e diálogos, nas quais o Analista recebe pacientes com os problemas mais variados — dos dramas existenciais às picuinhas cotidianas. Cada consulta se transforma num pequeno espetáculo de inversão de papéis: por vezes o paciente sai quase mais confuso do que entrou, mas sempre arrancando risadas do leitor.
Verissimo construiu situações impagáveis misturando linguagem coloquial, regionalismos, restrições malucas de Freud e um humor absurdo irresistível. Os textos satirizam não apenas a prática da psicanálise no Brasil, como também a cultura do Rio Grande do Sul.
Temas
- Conflitos conjugais e vistos familiares pelo olhar prático e “duro na queda” do analista.
- Dilemas urbanos transpostos para o universo pampeano.
- A convivência entre o saber popular e supostos saberes acadêmicos.
- A comicidade das situações em que uma visão simples soluciona dramas existenciais sofisticados.
Impacto Cultural
O Analista de Bagé tornou-se um personagem emblemático do imaginário popular brasileiro. Suas frases e situações foram adaptadas para o teatro, quadrinhos e até programas humorísticos, consolidando a fama e a rigidez do livro. Ainda hoje, serve de referência para quem deseja entender — e rir — das descobertas do jeito gaúcho de ser.
Por que ler O Analista de Bagé?
Escolha o tipo de exibição!- Para valorizar a riqueza dos dialetos e trajes gaúchos.
- Para experimentar o melhor do humor brasileiro, que tem crítica social, inteligência e personalidade regional.
- Para se divertir com um personagem peculiar e situações econômicas inesperadas.
- Para enxergar a psicanálise e as relações humanas de maneira leve, sarcástica e original.
3. As Mentiras que os Homens Contam (2000) – Um Retrato Divertido da Vida e dos Relacionamentos
As Mentiras que os Homens Contam é uma coletânea de crônicas em que Luis Fernando Verissimo usa seu olhar afiado e bem-humorado para esmiuçar o universo masculino e, principalmente, as muitas pequenas (e grandes) mentiras que os homens contam no cotidiano. Com ironia, sutileza e inteligência, o autor revela como o autoengano, a busca pela aprovação e os jogos de convivência moldam não apenas os homens, mas também as relações amorosas, familiares e sociais.
Estrutura e Estilo
O livro é composto por coleções de crônicas ágeis e caprichosamente construídas. Cada texto traz situações típicas do dia a dia — encontros e desencontros amorosos, conversas entre amigos, desculpas inventadas, justificativas mirabolantes para chegar tarde em casa ou esquecer o aniversário de casamento.
Verissimo adota um tom de conversa próximo ao leitor, muitas vezes usando personagens anônimos com quem qualquer pessoa pode se identificar. As situações descritas são corriqueiras, mas ganham graça, profundidade e sentido de crítica social através do talento narrativo do autor.
Temas Centrais
- A Mentira Cotidiana:
O livro mostra que a mentira faz parte do repertório masculino — não apenas aquelas grandes, mas principalmente as mentirinhas, as “saídas diplomáticas”, as omissões e os exageros criativos contados para evitar conflitos ou impressionar alguém.
- O Jeito Masculino de Ver o Mundo:
Verissimo brinca com o jeito, muitas vezes ingênuo ou atrapalhado, com que os homens tentam se sair bem, manter uma boa imagem e até salvar o próprio orgulho em situações que vão do trivial ao inusitado.
- Relações e Contrastes de Gênero:
O autor aborda com leveza os embates e mal-entendidos entre homens e mulheres, mostrando como algumas mentiras são praticamente “instituições tradicionais” em certos relacionamentos.
- Crítica Social e Reflexão:
Entre risadas e sorrisos, o leitor acaba refletindo sobre as pequenas concessões, jogos de cena e expectativas que moldam a vida em sociedade.
Personagens e Cenas Marcantes
O livro não tem protagonistas fixos, mas aposta em situações universais:
- O marido que se enrola para o atraso.
- O namorado que inventa desculpas esfarrapadas para não assumir compromisso.
- O amigo que se gaba de coisas exageradas na juventude.
- O pai que promete mudar, mas “começa na próxima segunda-feira”.
Em cada crônica, Veríssimo transforma gestos banais ou frases comuns (“foi só um chopinho com os amigos…”) em uma verdadeira análise do comportamento humano.
Por Que Ler As Mentiras que os Homens Contam?
- Para rir de si mesmo e das situações que, em algum momento, todo mundo já presenciou.
- Para entender melhor o funcionamento dos relacionamentos e das diferenças — e semelhanças — entre os gêneros.
- Para apreciar o humor leve, mas aguçado, de Veríssimo sobre temas aparentemente simples, mas universais.
- Para refletir sobre sinceridade, amor e convivência de forma descomplicada.
Conclusão:
Este livro é um prato cheio para quem gosta de um bom texto de observação, recheado de humor e humanidade. Ao final da leitura, fica claro que as mentiras dos homens — ao contrário do que muitos pensam — também servem para revelar suas fragilidades, sonhos e, claro, sua capacidade hilariante de se envolver (e nos envolver) em confusões!
4. A Máquina de Escrever (1991) – Reflexões e Humor Sobre o Cotidiano e o Ofício de Escrever
A Máquina de Escrever é uma coleção de crônicas publicadas originalmente em jornais, onde Luis Fernando Verissimo explora, com seu humor refinado e olhar atento, temas que vão desde o processo criativo da escrita até cenas comuns da vida cotidiana. O livro é uma homenagem ao universo do escritor, à paixão pela literatura e ao fascínio — misturado a angústia — que o ato de escrever provoca.
Estrutura e Estilo
Verissimo reúne coleções de textos curtos, leves e sofisticados, nos quais explora situações triviais do dia a dia, lembranças pessoais, pequenas manias, desafios, incertezas e prazeres de quem vive das palavras. O tom do livro oscila entre a ironia delicada e uma sensibilidade quase melancólica, mas sempre pontuada por risos e sutilezas.
O título faz referência direta à máquina de escrever — objeto símbolo de uma geração de escritores e jornalistas que, como o próprio Verissimo, viveram a transição entre o analógico e o digital. Para o autor, a máquina simboliza tanto a arte quanto o ofício, tanto a liberdade criativa quanto a rotina extenuante do trabalho literário.
Temas Abordados
- O Ofício do Escritor:
Verissimo reflete sobre bloqueios criativos, inspirações inesperadas, rituais de escrita, manias (como o medo de papel em branco) e o peso das expectativas dos leitores.
- A Vida Cotidiana:
Em crônicas que vão além do universo literário, o autor observa cenas do cotidiano – filas, conversas de ônibus, relações familiares – e extrai deles insights, ironias e um humor que beira o filosófico.
- A Máquina de Escrever como Personagem:
Em alguns textos, a máquina de escrever praticamente “ganha vida própria” e se torna personagem, cúmplice ou até rival do autor, revelando ideias, sabotando textos ou revelando novas formas de enxergar o mundo.
- Nostalgia e Mudanças:
O livro também é uma espécie de memorial de um tempo que se transforma. Veríssimo fala da nostalgia pelos dias mais analógicos, mas também brinca com as mudanças tecnológicas e culturais que retratam o fim de uma época.
Passagens e Cenas Marcantes
- O texto em que descreve o barulho das teclas durante a madrugada — companhia silenciosa e fiel do escritor solitário.
- As comparações entre a frieza do computador e o charme singular da máquina mecânica.
- As situações engraçadas em que o autor tenta fugir dos clichês enquanto lida com prazos e expectativas (“A musa não trabalha sob pressão”, ironiza em uma das crônicas).
- Os benefícios sobre possíveis conversas da própria máquina quando ninguém está por perto.
Por que ler a máquina de escrever?
- Para rir e se identificar com as inseguranças e particularidades de todo criador, artista ou escritor.
- Para considerar, nos pequenos detalhes da rotina, a grandeza dos relatos de Veríssimo.
- Para entender como o processo de criação, por mais difícil que pareça, pode ser divertido, surpreendente e até terapêutico.
- Para celebrar o poder das palavras e o valor dos objetos afetivos, como a saudosa máquina de escrever.
Conclusão:
A Máquina de Escrever é leitura obrigatória para apaixonados por literatura, aspirantes a escritores e todos que gostam de ver poesia, humor e reflexão nas pequenas coisas da vida. Leve, sagaz e nostálgico, o livro mostra que a genialidade de Veríssimo vai muito além do riso fácil — ele nos faz sentir e pensar a cada página.
5. Gula – Crônicas da Mesa (2008) – O Sabor da Vida nas Palavras de Veríssimo
Gula – Crônicas da Mesa é uma verdadeira celebração gastronômica e literária, onde Luis Fernando Verissimo utiliza sua habilidade extraordinária como cronista para explorar o universo da comida, dos rituais à mesa e das relevantes do paladar brasileiro — sempre com muito humor, ironia e um toque de nostalgia.
Estrutura e Estilo
O livro reúne uma coleção de crônicas já publicadas em jornais e revistas, nas quais Verissimo descortina temas relacionados à culinária, o prazer da boa mesa, memórias afetivas e experiências peculiares (e engraçadas) em restaurantes, viagens e reuniões familiares.
Escrito em tom leve, divertido e próximo do leitor, o livro intercala relatos cômicos sobre “acidentes gastronômicos”, reflexões filosóficas sobre o ato de comer e deliciosos comentários — e confissões — sobre os seus pratos preferidos e aqueles que odeiam.
Temas Abordados
- A Comida Como Memória e Emoção:
Verissimo resgata lembranças de infância em torno da mesa, da comida da mãe, dos almoços de domingo, da cozinha repleta de cheiros e risadas. A alimentação é, aqui, um poderoso, familiar e afetivo.
- A Gula e o Humor:
O autor brinca com o próprio apetite voraz, falando sem culpa dos excessos, da gula e do prazer de repetir o prato favorito. Ele ironiza dietas, modismos alimentares e a paranóia calórica do mundo moderno.
- Rituais à Mesa:
Os textos retratam desde o simples ato de comer um pão até grandes banquetes, sempre valorizando o encontro entre pessoas, as conversas despretensiosas e a felicidade de estar em volta da mesa.
- Restaurantes, Garçons e Aventuras Culinárias:
Crônicas hilárias narram experiências inusitadas em restaurantes — cardápios aparentemente sofisticados, garçons atrapalhados, pedidos incompreendidos, situações embaraçosas — tudo sempre com aquela dose especial de autoironia.
Passagens e Cenas Marcantes
- O clássico medo de que o prato da outra pessoa seja melhor do que o seu.
- As tragicômicas tentativas (e fracassos) de manter uma alimentação saudável.
- O fascínio por pratos simples, feitos com carinho, versus uma comida “gourmetizada”.
- Uma tentativa divertida de entender etiquetas à mesa ou regras de bons modos.
Por Que Ler Gula – Crônicas da Mesa?
- Para rir de suas próprias relações com a comida e considerar manias universais à mesa.
- Para se encantar com a escrita sensorial de Veríssimo: quase sentimos os sabores, aromas e sons descritos.
- Para enxergar a alimentação como um elemento cultural central da vida brasileira e como ponte entre gerações, classes e histórias.
- Para perceber que, mais que uma necessidade, comer é um dos maiores prazeres (e motivos para o convívio humano).
Conclusão:
“Gula – Crônicas da Mesa” mostra o olhar singular de Luis Fernando Verissimo para o cotidiano gastronômico, trazendo à tona o humanismo, a alegria e o riso em volta da comida. Seja falando sobre um prato simples ou uma receita sofisticada, Verissimo nos lembra que, muitas vezes, a felicidade está nos pequenos excessos, nas lembranças afetuosas e, sobretudo, nas pessoas com quem compartilhamos a mesa.
Homenagem Final
Luis Fernando Veríssimo nos deixa um legado de inteligência, humor refinado e amor pela escrita. Suas obras continuam inspirando leitores de todas as idades a encontrar nível e sabedoria nos detalhes mais simples da vida.
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Por isso, não deixe de explorar a obra de Luis Fernando Verissimo e descobrir a riqueza do humor e da crítica social presentes em suas crônicas.
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